Minha trajetória como estudante de gastronomia

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Baianidade

Para quem não sabe, nasci e cresci na Bahia e quase toda minha família é baiana. Na minha casa os cafés-da-manhã tinham sempre alguma raiz ou fruta cozida (mandioca, batata-doce, inhame, banana da terra ou banana d'água, abóbora, fruta pão...) para ser comida com manteiga e às vezes com açúcar, cuzcuz de milho que podia ser doce com côco ou salgado, de puba ou de tapioca, bejús de goma e tapiocas recheadas, chimangos,  bolos de puba ou aimpim...
Ai saudade...
E à tarde, ao invés de a gente ir até a padaria, era comum ir lanchar na praça, no tabuleiro da Baiana do Acarajé!!! Que orgia! Acarajé quente (com muita pimenta!!!) recheado com vatapá, molho de camarão seco, vinagrete e caruru. Podia ser também o abará, mesma massa do acarajé só que enriquecida com amendoim torrado e moído, cozida na palha de banana.
Huuummmm....
Moro hoje na capital mineira, mas baiano que se preza não abandona o costume de comer acarajé. E também sabe fazer! Outro dia convidei amigos do trabalho para comerem um acarajé com vatapá que fiz lá em casa. Sem falsa modéstia: estava "violenta" aquela comida baiana, até porque tinha pimenta pra esquentar toda BH (particularmente uma pimenta malagueta curtida por painho mais mainha, preparada com muito carinho)!
A receita eu vou postar aqui, mas o segredo baiano, este eu só conto ao pé do ouvido só para os mais chegados!

Acarajé

1 kg de feijão fradinho
3 cebolas grandes
4 dentes de alho
Sal à gosto
Azeite de dendê para fritar

Modo de fazer

Bata levemente os fejões, ainda secos, no pilão, processador ou liquidificador, para quebrá-los um pouco. Coloque no molho por cerca de 1 hora e retire todas as cascas e "olhinhos" pretos (que é para a massa ficar bem branquinha). Deixe no molho até que o feijão fique bem hidratado, pode ser de um dia para o outro.
Bata o fejão (no processador ou liquidificador) agora sem casca e sem "ollhinhos" pretos, com o alho, a cebola e o sal, mas sem água. A massa deve ficar "bem fininha". Deixe descansar por algumas horas para "fermentar" e bata novamente com colher de pau para aerar a massa.
Faça bolinhos do tamanho desejado com a ajuda de duas colheres grandes que devem ser molhadas em água à cada bolinho moldado. Frite no azeite de dendê bem quente até que fiquem bem corados. Sirva com pimenta e o vatapá cuja receita vem a seguir.

Vatapá

150 gramas de camarão seco
100 gramas de amendoim torrado sem casca
100 gramas de castanha de cajú torrada
1 colher de chá de gengibre ralado
100 ml azeite de dendê
400 ml de leite de côco
6 pães franceses "dormidos"
2 litros de caldo de peixe
2 dentes de alho amassados
1 cebola ralada
Sal e pimenta do reino à gosto
120 ml de água

Para o caldo de peixe:
2 cabeças de peixe ou cerca de 500 gramas de peixe branco
2 litros de água fria
1 molho de coentro fresco
2 tomates grandes picados
2 cebolas médias picadas
1 pimentão médio picado
1 colher de chá de sementes de cominho
1 colher de chá de sementes de coentro
2 dentes de alho ecrasé
Coloque tudo em uma panela grande e leve ao fogo até ferver. Cozinhe por cerca de 40 minutos em fogo baixo (para um bom caldo a água tem que ser fria, não se deve colocar sal e tem que se levar todos os ingredientes ao fogo juntos).

Modo de fazer:

Coloque o pão esmigalhado para amolecer em metade do leite de côco com mais 120 ml de água. Bata o pão no liquidificador utilizando o caldo de peixe se for preciso. Coloque metade do dendê em uma panela grande com o alho e a cebola. Refoque. Acrescente o pão batido e mantenha em fogo baixo mexendo sempre. Enquanto isso, bata os camarões, o amendoim e a castanha de cajú no liquidificador com o caldo de peixe. Acrescente esta "vitamina" ao "creme de pão" que já está no fogo. Não pare de mexer para não grudar no fundo da panela. Cozinhe até ficar com uma consistência de purê. Se preciso, use o caldo de peixe para amolecer o vatapá. Incorpore o gengibre e o restante do leite de côco e do dendê. Acrescente a pimenta-do-reino moída na hora e ajuste o sal.
Dica: Se o camarão seco for muito salgado é aconselhável dessalgá-lo, antes de iniciar a receita, em água fria. Ainda assim, só acrescente o sal no final. Se quiser acrescente mais cominho e coentro moídos na hora para finalizar, juntamente com a pimenta.

O povo lá de casa "manda ver" estas comidinhas com molho de camarão e muita pimenta!

Oxalá te proteja.
Um cheiro.

2 comentários:

  1. Nossa essa receita é show de bola e ainda mais feita por vc maninha
    Uma das minha paixões é a comida da minha amada bahia, não tem nada melhor, quem nunca provou não sabe o que está perdendo rsrs
    te amoOO minha linda irmãzinha, minha chef preferida
    ass Aline de Andrade Silva

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  2. Maravilhoso seu blog, parabens você tem um perfil profissional como poucos profissionais tem...olha!!! a gastronomia precisa de chef's bons, alias de chef's espetaculares como a visão que você tem da gastronomia..
    Me add no MsN quero ter o prazer de ser amigo de uma futura chef brilhante..
    wolf_ojeda@hotmail.com
    Um grande abraçao
    Chef Wolf Ojeda

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